segunda-feira, 7 de maio de 2007

OS FUZILAMENTOS





(Fotos de Dom Pedro - MA)


No dia 5, ao meio dia, as tropas chegam à Matta “sem disparar um tiro”, visto não haver revolta, e começam as prisões e interrogatórios para descobrir o paradeiro de Bernardino e de seus “capangas”.
Às prisões seguem os fuzilamentos, sob ordens do Tenente Antonio Henrique Dias, dos “cangaçeiros” mais próximos de Bernardino.

No dia seguinte chegam Sebastião Gomes e seu pessoal, mais ou menos 200 homens e alguns “cangaceiros” presos, e José Pedra com mais 28 homens e alguns prisioneiros.

Segundo S. Gomes havia mais ou menos 50 prisioneiros para serem fuzilados não sendo pela intervenção sua, de José Pedra e do Tenente Taurino Lobão Lemos que convencem Dias a cessar a carnificina.

Os boatos se espalham e o Desembargador Deoclides Mourão manda um telegrama a Urbano Santos dando notícia de cem homens fuzilados, cadáveres boiando nos açudes e corpos servindo de pasto aos urubus, atrocidades indizíveis cometidas pelo Tenente Dias havendo discordância quanto ao número, não quanto ao autor.

Urbano contata o Dr. Walfredo Lira, opinião situacionista, que interroga Sebastião Gomes e confirma ao Presidente do Estado os fuzilamentos e a ação do Subdelegado para libertar outros condenados à morte.


Em depoimentos, inclusive de Maria Pereira Ramos, vulgo Maria Paca, é atribuído a Sebastião Gomes o mérito de ter salvado prisioneiros da morte mas, uma fonte oral na qual o entrevistado não autorizou sua identificação, diz ter ouvido do próprio Sebastião Gomes que a intervenção somente seria feita se os salvos se comprometessem a matar Bernardino quando este voltasse à Matta.
Diante das notícias bombásticas, que já chegaram aos jornais, Urbano Santos envia o Major Bello, que já estava em São Luís, voltar a Codó e proceder inquérito afim de verificar a “verdade”.


Bello investiga, interroga e chega à conclusão de que foram fuziladas quatro pessoas, na beira da estrada que leva à Codó, a mando do Tenente Antonio Henrique Dias.
Em depoimento, quando indagado sobre as acusações de fuzilamentos confirmadas pelo juiz e pelo Subdelegado, Dias nega ter ordenado qualquer fuzilamento ou maus-tratos aos prisioneiros e afirma ser inimigo de Sebastião Gomes e de Walfredo Lira desde 1919 quando era Delegado em Barra do Corda e um amigo de seus acusadores cometera um crime bárbaro de roubo e assassinatos e eles vieram pedir-lhe para tirar do processo o nome dele ao que Dias lhes disse que se quisessem livrá-lo que constituíssem um advogado.

Desde então tornaram-se inimigos e que, se na Matta fora cometido algum crime certamente foi por homens de Gomes que armados e bêbados atiravam a esmo.
Quem objetivamente denuncia os fuzilamentos são as praças pois o Tenente Taurino, “por espírito de coleguismo”, oculta os assassinatos do seu primeiro depoimento (sendo por essa omissão sentenciado a prisão disciplinar de quinze dias) e, embora fosse o Comandante da expedição, só tivera conhecimento do fato após a consumação visto que não tendo encontrado resistência na Matta foi à casa do seu amigo Antonio Pires e em sua ausência foram cometidos os crimes; já as praças admitem que Taurino sabia de tudo que estava acontecendo.


Há muitas contradições nos depoimentos de todos os militares quanto a um ataque que a força teria sofrido na noite do dia 5 de agosto: alguns dizem que os tiros foram respondidos pelo flanco esquerdo, outros o direito, outros por todos os flancos e outros que nem ataque houve.

Mas isto não explicaria os fuzilamentos pois os assassinados eram prisioneiros que foram levados à estrada que leva ao Codó, sob pretexto de serem levados presos àquela cidade, sem nenhuma possibilidade de reação.
Comprovado o crime, Dias é enviado a São Luís e preso no quartel da polícia militar onde é feito novo inquérito.

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